sábado, 15 de maio de 2010

UTILIZAMOS O MILHO A TODAS AS HORAS DO DIA, NÃO ACREDITAS?

Ao levantar
Muitos dos sabonetes, geles e cosméticos incluem derivados de milho. Para ter um bom começo todas as manhãs, há que tomar um bom café da manhã (pequeno almoço).
O menu desta manhã inclui uma taça de corn-flakes, uma torrada com margarina e marmelada, e uma xícara de café. Pois bem, das várias coisas que comemos ou bebemos no café-da-manhã, são provenientes do milho, como o amido do milho, açúcar do milho, farinha de milho, etc. O pão pode ter amido, açúcar e dextrosa (glicose), como ingredientes. A marmelada costuma ter açúcar de milho. O chá e o café instantâneo também costumam ter na sua composição um subproduto do milho : a maltodextrina. A margarina também pode ter milho. Os bolos feitos em casa, assim como outras sobremesas, são feitos com leveduras derivadas do milho.
Como devemos tratar de nossas roupas e nossos sapatos, por exemplo as graxas dos sapatos incluem compostos derivados de milho. Apoiamo-nos contra uma parede, o gesso dos tabiques levam amido de milho para ganhar aderência. O óleo de milho é utilizado nas pinturas e vernizes. A cola dos papeis pintados é feita de amido e dextrina de milho. Uma parede de cimento pode ter água de milho na sua composição.

À ida para a escola e trabalho
Vamos de carro. Os carros também precisam de milho! As cabeças dos cilindros, os pneus e o líquido do limpa pára-brisas, contêm milho na sua composição. A bateria do carro também.


As crianças chegam à escola
Já se utilizam papéis feitos à base de milho. Os lápis de cera e o giz, são fabricados com derivados deste cereal.

Na comida
Milho no óleo, legumes em conserva, margarina, mostarda, maionese, ketchup, a frutose de muitas sobremesas, iogurtes (açúcar do milho para adoçar), congelados, gelados. A carne e os ovos que consumimos, são provenientes de animais que foram alimentados com rações em que a sua composição em milho é em elevada percentagem principalmente em glúten.

Uma visita a um conhecido que está internado no hospital
Cerca de 85 tipos diferentes de antibióticos utilizam milho na sua composição. A fina capa que cobre as aspirinas e outros analgésicos são feitas de amido de milho. As garrafas com as soluções intravenosas que muitos pacientes necessitam, contêm dextrosa. A água em que se processa industrialmente o milho, também se utiliza para fabricar alguns antibióticos e fármacos.

O lanche a meio da tarde
Quase todas as bebidas gaseificadas utilizam edulcorantes obtidos do milho. As cervejas sem álcool substituíram o amido extraído da cevada pelo o do milho, para conseguirem formulas mais ligeiras. As crianças comem guloseimas que levam milho: barras de caramelo ou chocolate, pastilha elástica, batatas fritas e um grande número de aperitivos feitos á base de milho.

Regresso a casa
As crianças quando vestem moletons (fatos de treino ) com desenhos cheios de cor, estes necessitam de milho para que se mantenham as cores vivas e haja aderência à roupa. Brincam em cima de tapetes que têm fibras tratadas com milho.
Ao jantar, utilizamos recipientes de plástico e de papel que têm na sua composição fibras de milho, que são muito mais ecológicos do que outros plásticos industriais. Quando comemos uma pizza, o molho de tomate tem amido .

O MILHO E A DESFOLHADA...


O milho, desde a expansão marítima e a sua introdução nos hábitos alimentares da população de Portugal Continental, tem principalmente na zona norte, o habitat agrícola por excelência, tendo em torno deste cereal sido criada toda uma gastronomia específica (o bolo do tacho, a broa, a bola de carnes ou sardinha) bem como um conjunto de edifícios de armazenamento e de transformação.
Existem ainda hoje muitos moinhos e um incontável número de espigueiros, em madeira, pedra cimento e tijolo. Essa importância manifestou-se na designação de «Celeiro do Minho», atribuída no reinado de D. João IV, durante a Guerra da Restauração.
Como referido acima, o cultivo do milho é uma tradição do Minho, Douro Litoral e Beira Litoral. Esta planta gosta muito de calor e água, por essa razão é necessário muito trabalho para a regar. No Alentejo, que é a região mais seca de Portugal, há algumas áreas de cultivo de milho mas só onde a rega abundante é possível. A sementeira é feita nos princípios de Maio, em Junho é sachado para tirar as ervas daninhas e mondado.
A monda consiste em tirar dois pés de milho que estejam juntos, para que aquele que esteja mais forte se possa desenvolver melhor. Em Julho começam as regas. Há um sistema de regadio que, ainda hoje, é motivo de muitas zangas e até de acidentes graves. Quando o milho cresce, é-lhe cortado o pendão ou bandeira que é um óptimo alimento para o gado.
Na colheita cortam-se as canas com as espigas e fazem-se molhos. As espigas eram escanadas e deitadas em cestos, que eram levados em carros de bois para o beiral ou eira. As canas eram atadas em molhos e o lavrador fazia rimas (medas) para secarem. No Inverno, serviam de alimento aos animais.



MAS O QUE É A DESFOLHADA ?
Nos fins de Setembro, princípios de Outubro cortam-se as canas do milho, que são transportadas para a eira no carro de bois. Na eira faz-se a desfolhada.
A desfolhada é um trabalho agrícola onde se retira a espiga (ou maçaroca) da planta, que se chama milho. Embora possa parecer uma festa, é um trabalho duro e cansativo, tanto para os adultos, homens e mulheres, como para os jovens e as crianças que, por essas aldeias fora, trabalham no campo.
À medida que se desfolha, vai-se amontoando as espigas em cestos de verga ou de costelas que, depois de cheios, são despejados no canastro ou espigueiro. Os jovens participam entusiasmados nas desfolhadas, sempre na esperança de encontrar milho-rei ou rainha para poderem dar um beijo ou um abraço à namorada.
Onde está o milho-rei?
Durante as desfolhadas, o aparecimento das espigas de milho vermelho é fundamental para manter o entusiasmo de todos. É que o feliz achador tem a obrigação de gritar bem alto: - MILHO REI ! - e o direito de dar uma volta a todos os trabalhadores, distribuindo abraços. Antigamente, esta era uma oportunidade única para se aproximar fisicamente das raparigas, das namoradas, até das noivas porque, na época, as convenções sociais eram muitas e a vigilância por parte dos pais era muito apertada.
Sempre, após as malhadas ou desfolhadas, os donos da casa ofereciam uma lauta merenda, geralmente constando pão de milho ou centeio, azeitonas, iscas de bacalhau ou sardinha assada, não faltando, é claro, o indispensável vinho verde servido em cabaça por onde todos vão bebendo. Durante essa merenda e prolongando-se por algum tempo mais, entre os presentes sempre tinha alguém que tocava, ou pelo menos “arranhava” uma concertina (é assim que chamam aos acordeões menores) e o baile estava formado. No Minho não se compreendia que se pudesse executar qualquer faina (trabalho) agrícola sem ser acompanhada ou coroada por cantos e danças.
Depois das desfolhadas, as folhas eram aproveitadas para encher colchões. As espigas eram malhadas para a desfolhar os grão e o carolo ( aparte branca do interior da espiga) era aproveitado para o fogo. O pó, chamado moinha, dava para encher almofadas. O grão do milho era passado por um limpador e posto na eira a secar. Depois de seco, era limpo novamente e posto em caixas.
A desfolhada, hoje em dia, só é retratada como antigamente, pelas Associações Culturais, que com isso, dão a conhecer, os lindos costumes do Minho.

A Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Moselos tem vindo a recriar, desde 1998, na eira no Museu Regional de Paredes de Coura, desfolhadas tradicionais, com o objectivo de viver a tradição das colheitas em espírito comunitário festivo. A próxima desfolhada tradicional terá lugar no dia 11 de Outubro, pelas 21h00, no referido Museu, na Rua Aquilino Ribeiro. Mais informações pelo telefone 251 780 122.